Corpos Incómodos
Autodeterminaçom começa na luita para autodeterminaçom

Se um coletivo oprimido nom toma o controlo da sua própria luita, nunca se vai liberar. Nunca vai derrubar o paternalismo. Nunca perderemos a nossa infantalizaçom social.
Comparecencia Ley Trans - 3
Comparecencia de colectivos para presentar la Ley de Igualdad Plena de las Personas Trans. Atenea García
11 may 2021 08:40

No 27 de Abril 2021, três associações LGBT lideradas por pessoas cis figérom umha declaraçom que permitiu Unidas Podemos ceder a Lei Trans integral ao PSOE, anunciando a sua unificação com a Lei LGBT, em contra das demandas de coletivos trans. Em 1951, psicólogos norte-americanos estabelecêrom as diretrizes para determinar que pessoas trans podiam ter acesso a umha transiçom médica. Em 1924 Gandhi escreveu que a boa governança nom é um substituto para a auto-governança. Estes três feitos estám conectados.

É fascinante que, por muito que cada opressom histórica tenha as suas particularidades importantes que dificultam a nossa capacidade para realmente entender as experiências doutrem, os mecanismos de poder e opressom som universais. Em quase cada opressom, quer sexismo, quer racismo, transfóbia ou colonialismo, existe umha infantalizaçom do coletivo oprimido e o paternalismo correspondente por parte des opressores. “Os povos colonizados nom eram capazes de se auto-governar. Precisavam dos europeus para serem os pais deles”. Paternalizamos enquanto racializamos. Negritos. E, nom temos que gastar palavras na história de paternalizaçom das mulheres.

A patologización das persoas que rachaban coa norma do xénero imposto comezou dende moito antes, afectando a amplos sectores da sociedade, pero será a partires dos 50 cando na propia medicina seja combinada com o desenvolvemento de serviços medicais, dando vida ao que hoxe conhecemos como “transexualidade.”

Nom temos autodeterminaçom, nem na lei, nem no coraçom da sociedade que no fundo continua vendo-nos como incapazes de nos autodeterminar.

Deixou certas pessoas trans vivessem as vidas nos seus próprios géneros, sempre sob o controlo dum sistema que nos patologizou como doentes mentais e que tinha mecanismos para garantir que as nossas vidas nom interromperiam a sociedade cis. As pessoas que tinham permitido o acesso à transiçom médica tinham que manter vidas heterossexuais, estereotípicas nas normas de género, e esconder a sua transexualidade do resto do mundo. A partir da nossa patologizaçom medrou a dinâmica clássica de opressom, infantilizaçom e paternalismo que sustentou a nossa existência social. Ainda hoje, nom temos a capacidade de aceder a umha transiçom médica sem um informe psicológico. Nom temos autodeterminaçom, nem na lei, nem no coraçom da sociedade que no fundo continua vendo-nos como incapazes de nos autodeterminar. Autodeterminarmos as nossas transições, autodeterminarmos as nossas vidas, mesmo até autodeterminarmos a nossa própria luita pola autodeterminaçom.

A nossa opressom nom toma apenas a forma mais violenta, mais odiosa. A nossa opressom existe em todos os lugares em que pessoas cis presumem de saber melhor do que nós o que precisamos. A nossa opressom existe dentro dos coletivos LGBT. A nossa opressom manifestou-se quando três associações lideradas por pessoas cis aprovárom umha declaraçom que permitiu Unidas Podemos ceder a Lei Trans ao PSOE, que a acrescentou à Lei LGBT em contra das demandas de coletivos trans.

Se um coletivo oprimido nom toma o controlo da sua própria luita, nunca se vai liberar. Nunca vai derrubar o paternalismo. Nunca perderemos a nossa infantalizaçom social. É algo que entendemos com outros coletivos. Entendemos que é necessário que as pessoas negras nos EUA promovam o Black Lives Matter. Entendemos o que queria dizer Gandhi com “a boa governança nom é substituto para auto-governança”. E se tudo isto fosse umha questom de sexismo, com associações lideradas por homens decidindo o futuro da luita feminista, estaríamos berrando nas ruas. Mas a infantilizaçom des adultes trans ainda é tam universal, tam aceitável, que a maioria das pessoas cis nom notam o que estám a fazer. Decidindo por nós. Falando por nós. Silenciando-nos.

A quantidade de argumentos paternalistas em defesa da liderança cis que tivem que escuitar e sofrer, argumentos que sostêm que a estratégia do coletivo trans é totalmente inútil e a única possibilidade era ceder a Lei integral, que as pessoas que entendem o difícil que é passar umha lei deste estilo sabem que a cessom era necessária. Obviamente, no coletivo trans nom temos a capacidade para entender a situaçom. Somos infantilizades. Inúteis.

A imprensa tem que entender quem é protagonista de quê. Em muitos artigos estou lendo que “as associações LGBTI proponhem…” e sem mais nenhum esclarecimento, criam a imagem de estas associações falarem por nós.

Realmente a estratégia de ceder umha lei trans está-se a mostrar já como um erro grave. Cedimos a lei e Carmen Calvo do PSOE, cacique TERF, deu graças por que a Lei Trans nom vai existir por si própria. Pois claro que ela nom vai permitir a autodeterminaçom. As suas intenções com unir a Lei Trans com a Lei LGBTI som desmantelar todo o conteúdo da primeira. A tática foi um erro. A estratégia do movimento trans é continuar insistindo numha lei trans integral, e tentando criar as circunstâncias em que a lei que precisamos seja a única saída possível. Mas, e isso é o importante: ainda que ceder a Lei Trans foi um erro enorme, o erro ainda mais grande foi suplantar o colectivo trans com pessoas cis. Nunca imos ter autodeterminação real, profunda, revolucionária, até que autodeterminemos a nossa própria luita. Sim, pode ser que nós também cometamos erros no caminho, mas seria o nosso caminho para a liberdade. A boa governança nom é um substituto para a auto-governança. Há três lições que temos que tirar de tudo isto:

1. O papel do movimento LGBTI é apoiar e ampliar as vozes e decisões do coletivo trans. Se quigerem oferecer perspetivas e estratégias, que o fagam em conversa connosco, respeitosamente, sempre entendendo que no fim da conversa decidimos nós. Este papel também se estende às associações de famílias de menores trans (umha das três associações envolvidas é de famílias). O trabalho que fam este tipo de associações é fundamental: criando espaços de apoio tanto para crianças como para famílias. Mas nom podem suplantar a voz e a proeminência do movimento trans adulto na nossa luita para a liberdade, a igualdade e a autodeterminaçom. Enquanto suplantem a a nossa luita, com todas as boas intenções, perpetuam a nossa infantalizaçom. As suas próprias crianças vam interiorizar o feito de mães e pais cis entenderemo melhor do que adultes trans.

2. A imprensa tem que entender quem é protagonista de quê. Em muitos artigos estou lendo que “as associações LGBTI proponhem…” e sem mais nenhum esclarecimento, criam a imagem de estas associações falarem por nós. A pesar de estas associações estarem tentando falar por nós, nom falam por nós. Nós falamos por nós. Temos as nossas próprias associações e colectivos, e a imprensa tem que procurar a nossa voz em reportagens sobre a nossa luita.

3. Temos que interiorizar os efeitos da opressom do coletivo trans. Temos que banir a tendência que existe na sociedade cis de opinar por riba das pessoas trans. A autodeterminaçom é umha demanda radical, anti-opressiva, liberatória. Afecta a quase toda a configuraçom das nossas vidas e, crucialmente, a autodeterminaçom começa na luita mesma pola autodeterminaçom.

Informar de un error
Es necesario tener cuenta y acceder a ella para poder hacer envíos. Regístrate. Entra na túa conta.

Relacionadas

Cine
Estíbaliz Urresola “El cine no debe quedar impasible ante las atrocidades que suceden”
La directora de ‘20.000 especies de abejas’ sigue recibiendo reconocimientos por su película, pero pide que se transformen en aplicación de mejoras concretas para el colectivo trans.
LGTBIAQ+
CARTA A VARIOS ORGANISMOS Colectivos piden que se investigue la acción organizada de policías y militares para defraudar la ley trans
La Federación Plataforma Trans y Euforia Familias Trans-Aliadas han enviado cartas a diferentes organismos por el supuesto cambio registral de sexo de 37 integrantes de Fuerzas y Cuerpo de Seguridad que podría ser fraudulento.
LGTBIAQ+
Consejo de Ministros El PSOE reincide en su afrenta a las personas trans al nombrar a Carmen Calvo presidenta del Consejo de Estado
La designación de Calvo se produce un mes después de que la ministra de Igualdad colocara a Isabel García, también señalada por sus posiciones transexcluyentes, como directora del Instituto de las Mujeres.
Periodismo
Periodismo Desinforma, que algo queda
En la fecha que se conmemora el Día de la Libertad de Prensa, hay que analizar sus dimensiones, la opacidad en el reparto de la publicidad institucional, la necesidad de la alfabetización mediática y qué medidas concretas pueden llevarse a cabo.
1 de mayo
1 de mayo La transición ecosocial y frenar el genocidio de Palestina, ejes de la clase trabajadora de Bilbao
En una ciudad acostumbrada a buscar consensos y apartar las siglas abrazando un eslogan común y caminar detrás de una sola pancarta, hoy es el día de sacar pulso, ondear bandera propia y tomar la Gran Vía, el Arenal y la plaza Santiago.
Rap
Rap Viaje a los orígenes del hip hop en España: “Nadie esperaba ganar dinero con el rap”
El historiador Nicolás Buckley y el periodista Jaime Valero, exredactor jefe de HipHop Life, publican Maestro de ceremonias, un libro sobre la historia de la cultura hip hop en España.
Derecho a la vivienda
Elecciones catalanas El futuro de la regulación de los alquileres en Catalunya se juega el 12M
El decreto que regula los alquileres de temporada que lanzó el Govern era la pieza que faltaba para que funcionen los topes de los precios. Pero la norma debe ser revalidada con los votos socialistas y convergentes, que se han opuesto a la medida
Análisis
Análisis No dejemos de hablar de Siria
La situación humanitaria en Siria se endurece en un contexto de inestabilidad regional, mientras que la ayuda internacional que el país recibe es muy inferior a la necesaria.
Francia
1 de mayo La policía carga violentamente contra la manifestación de CGT en París y detiene a 45 personas
Las cargas policiales extremadamente violentas, de la unidad BRV-M, dejaron decenas de heridos. Según CGT en la manifestación participaron más de 50.000 personas.
O Teleclube
O teleclube 'O Teleclube' reflexiona sobre a procura de aquilo que desexamos coa película 'La Chimera'
A arqueoloxía, a reflexión sobre a propiedade, o amor, a morte e a maxia son algunhas das cousas sobre as que xira este filme italiano dirixido por Alice Rohrwacher que bebe da comunidade que rodea á directora.

Últimas

Poesía
Galiza Morre aos 92 anos a poeta, activista e revolucionaria Luz Fandiño
O falecemento foi anunciado publicamente pola súa amiga e alcaldesa de Santiago de Compostela, Goretti Sanmartín.
Obituario
Obituario | Luz Fandiño Ata sempre, comandanta!
Luz Fandiño era unha punky, inamovible nos seus ideais e no seu discurso. Unha muller que, a pesar de ter vivido as peores miserias, chegou ao final da súa vida coa súa enerxía adolescente e co seu espírito de loita intacto.
Opinión
Opinión El debate europeo… contaminado
Hoy más que nunca necesitamos abrir un debate europeo que supere los lugares comunes y el regate corto porque es mucho lo que nos jugamos.
Educación pública
Educación a la madrileña Huelga de profesorado en Madrid o cómo organizar la protesta desde abajo
El profesorado madrileño convoca los próximos 8 y 21 de mayo dos jornadas de huelga para que se reviertan los recortes de la época Aguirre en una protesta que tuvo su génesis al margen de la mesa sectorial.
Genocidio
Genocidio Las acampadas por Gaza se expanden mientras Netanyahu espera noticias de La Haya
Desde que estudiantes de la Universidad de Columbia levantaran la primera acampada, iniciativas similares se están repitiendo llamando al fin del genocidio. En Gaza, Israel castiga a la población superviviente a una muerte silenciosa, denuncia MSF.
Más noticias
Tribuna
Tribuna Se trata de recuperar nuestra vida
Pese haberse demostrado que la productividad aumenta con la disminución de la jornada, seguimos teniendo la misma jornada laboral.
Represión
Represión La Policía detiene por segunda vez en 2024 al portavoz del SAT, Óscar Reina
La Policía Nacional ha detenido al Portavoz del Sindicato Andaluz de Trabajadores, Óscar Reina, durante la mañana del jueves en Navarra. El líder del SAT es uno de los sindicalistas que más detenciones acumula dentro del Estado español.
Sindicatos
1 de mayo Cargas policiales mandan a una persona de 70 años al hospital en el 1 de mayo de Castelló
Desde CGT Castelló anuncian que tomarán medidas legales por las provocaciones y agresiones sufridas por los diferentes cuerpos policiales que han actuado en las cargas.
Arte contemporáneo
Artivismo Lara Ge: “A través de la práctica creativa nutrimos el espacio comunitario”
Ideadestronyingmuros desarrolla temas sobre feminismo, alternativas de vida al capitalismo y también sobre movimientos migratorios, con una fuerte posición transfronteriza.
PNV
CLIENTELISMO El Ayuntamiento de Bilbao coloca como interventor al cuñado de Josu Erkoreka por libre designación
Juan Mari Aburto explicó que Mikel Astorkiza, pareja de una hermana del vicelehendakari, “es el único candidato que cumple con los requisitos del puesto” para el control y fiscalización interna de la gestión económico-financiera.

Recomendadas

Política
Política Redes clientelares, falta de autogoberno e consensos neoliberais: as claves do novo Goberno galego sen Feijóo
Políticas e analistas debullan a folla de ruta da primeira lexislatura galega da era post-Feijóo: reforzamento dos fíos de poder locais, falta de vocación autonómica, complexo de inferioridade e a axenda marcada polos grandes consensos neoliberais.
En el margen
Francisco Godoy Vega “El ojo del blanco es como el ojo de Dios: es abstracto, es superior y puede verlo todo”
Doctor en Historia del Arte, Francisco Godoy Vega forma parte del colectivo de arte colaborativo Ayllu. Este activista antirracista aborda las consecuencias del supremacismo blanco. En 2023 publicó el libro ‘Usos y costumbres de los blancos’.
Laboral
Laboral Xavier Minguez: “Ni la rabia contra la empresa ni el orgullo de éxito de una huelga son solo tuyos”
Xavier Minguez es profesor de psicología social y análisis de resolución de conflictos en la UPV/EHU y ha realizado para el sindicato ELA la investigación ‘Un acercamiento psicosocial a la huelga’.
Genocidio
Fairouz Qasrawi “En Alemania, si eres pro-palestino, harán todo lo posible por intimidarte”
Aliada incondicional de Israel, Alemania es uno de los países donde más se están persiguiendo las protestas contra el genocidio en Gaza. La palestina Fairouz Qasrawi, aporta una panorámica de cómo se vive la represión y la censura en el país.