Política
Feijóo, o PPdeG e a hegemonia

É claro que Feijóo é o mordomo político das elites económicas, mas a esquerda parece conforma-se com ser a aristocracia cultural duns sectores subalternos aos que reganhar eternamente.

Feijoo
29 jun 2020 18:59

¿Por qué gana la derecha?”. Este é o título dum vídeo de 2012 em que Xosé Manuel Beiras explicava a Pablo Iglesias em La Tuerka as razons das vitórias eleitorais do PP. Mas também é um excelente resumo da teoria da dominaçom que forma parte da filosofia espontânea da esquerda galega. Segundo Beiras, a sociedade dividiria-se entre umha minoria ativa de cidadaos exercentes e desalienados e umha maioria passiva de cidadaos nom exercentes (nom sendo para votar) e submetidos à alienaçom através do marketing, a manipulaçom e os poderes mediáticos. Pondo de exemplo o caso do Prestige e a escassa traduçom política do descontentamento nas eleiçons, Beiras sublinha como os “segmentos ativos, lúcidos e que pensam em termos críticos” nom som capazes assim de operar grandes transformaçons. Como culminaçom deste argumento o líder nacionalista acha atualmente impensáveis as mudanças sociais importantes através de eleiçons.

Fotomatón
Feijóo na hora da sobremesa
Feijóo véselle feliz co espectáculo da polarización que cada día retransmiten os medios do estado. Resulta desconcertante que non lle vexan as costuras dese disfrace de señor comedido. Quizais porque apenas miran para nós.

Esta filosofia espontânea da dominaçom é umha das herdanças fossilizadas da vulgata leninista, a da noçom de “ideologia” como engano, ilusom, estafa ou ocultaçom que haveria que desvendar (a desafortunada metáfora do “rei despido” que se está a usar nesta campanha). Mas também tem a ver com o inconsciente professoral de boa parte dos quadros e dirigentes do nacionalismo galego. Neste sentido Bourdieu falava da “vaidade” das tomadas de posiçom políticas “que consistem em aguardar umha verdadeira transformaçom das relaçons de dominaçom” como “fruto da predicaçom racional e a educaçom ou, como às vezes pensam de forma ilusa os mestres, de umha ampla logoterapia coletiva cuja organizaçom corresponderia aos inteletuais”. Tal conceçom da dominaçom remata dando em consequências graves: a primeira, numha relaçom paternalista com os subalternos, eticamente intolerável e politicamente nefasta (cujo corolário som os tradicionais insultos às classes sociais que se pretendem defender —os dinossauros que amavam os meteoritos, as cidades em descomposiçom, o povo suicida, et cétera—, explicitados quando os resultados eleitorais som frustrantes) e que, aliás, nos inabilita para dar conta das verdadeiras causas que tornam “razoável” que a gente comum vote num partido neoliberal como o PPdeG. Naturalmente, o poder mente e manipula no seu interesse todo quanto pode, mas nengumha “revelaçom”, mesmo que seja no programa de Jordi Évole, vai ser decissiva para erodir a hegemonia dum partido em que a gente nom vota precisamente porque pense que é impermeável à corrupçom.

Bourdieu falava da “vaidade” das tomadas de posiçom políticas “que consistem em aguardar umha verdadeira transformaçom das relaçons de dominaçom” como “fruto da predicaçom racional e a educaçom ou, como às vezes pensam de forma ilusa os mestres, de umha ampla logoterapia coletiva cuja organizaçom corresponderia aos inteletuais”

Com esta pobre artilharia conceitual a esquerda nom parece ter muito que fazer ao enfrontar-se com umha cultura política, a do PPdeG, fundada por um homem como Fraga que na década de 1950 já citava Gramsci para as batalhas culturais do novo franquismo pró-estadunidense e que no processo autonómico encetou um dos exemplos mais impressionantes de revoluçom passiva. Também Feijóo está a demonstrar ser um discípulo mais que solvente, que sabe partir do sentido comum popular para direcioná-lo cara aos seus interesses neoliberais, que continua a praticar com sucesso isso que o comunista sardo chamava “transformismo” e que sabe, sobretudo, que as identidades políticas nom venhem pré-definidas polas relaçons económicas objetivas senom que se constroem e se desputam nas batalhas culturais, nesse terreno ambíguo por excelência que é o nacional-popular.

Feijóo está a demonstrar ser um discípulo mais que solvente de Manuel Fraga, que sabe partir do sentido comum popular para direcioná-lo cara aos seus interesses neoliberais

Chamar-lhe fascista pode ser moralmente mui reconfortante, mas o adjetivo oculta muito mais do que ajuda a compreender. Esta é umha das liçons básicas do Stuart Hall, quem no seu livro The Hard Road to Renewal: Thatcherism and the Crisis of the Left analisa o projeto hegemónico thatcherista, que qualifica de “populismo autoritário” e que tem muitos pontos em comum com o do populismo conservador galego. Para o teórico jamaicano o “seu êxito e a sua efetividade nom residem na sua capacidade para embaucar um povo ignorante, senom na forma em que se dirige a problemas e experiências reais e vividas, a contradiçons reais —e como, aliás, é capaz de representá-las dentro dumha lógica discursiva que as alinha sistematicamente com as políticas e estratégias de classe da direita—”. É claro que Feijóo é o mordomo político das elites económicas, mas a esquerda parece conforma-se com ser a aristocracia cultural dumhas subalternas eternamente reganhadas, que nom só som as que mais padecem o estigma étnico e as desigualdades de classe senom que ainda por riba tenhem que ver como som continuamente (em cada gesto) reprovadas em exames espontâneos de consciência nacional ou de classe.

Informar de un error
Es necesario tener cuenta y acceder a ella para poder hacer envíos. Regístrate. Entra na túa conta.

Relacionadas

Series
Series Masculinidad hegemónica o plomo: la sátira contra los hombres en ‘The White Lotus’
La serie culmina de forma trágica, llevando al extremo la lógica neoliberal, y se cuestiona si es posible una transformación que no termine cooptada por el propio patriarcado.
Economía
Análisis Europa, ¿última defensora del liberalismo o cómplice de un orden fracasado?
El peligro no proviene únicamente de líderes externos “autoritarios”, sino de la erosión interna de la democracia bajo un sistema que pone al mercado por encima de la gente.
Análisis
Análisis Estados Unidos, la mayor burbuja de la humanidad
Donald Trump no es una anomalía, sino la cristalización de ese pacto perverso entre dinero y política.
#65467
17/7/2020 20:25

O problema reside na minha opiniom na extraçom pequeno burguesa de muitos quadros dirigentes do nacionalismo galego. Também na sua débil 'nacionalizaçom', ou nacionalizaçom culturalista, que os leva a se sentirem afetiva e socialmente longe do povo a que (dizem) querer liberar. A questom está nesses dous pontos mais do que em algo inerente à esquerda ou às esquerdas.

0
0
Minería
Minaría Bruxelas cava fondo: litio galego para o novo militarismo europeo
No medio do rearme ordenado pola UE, Galiza entra no ámbito xeopolítico como potencial provedor de litio para a industria de defensa. Un enclave de alto valor ecolóxico en Doade (Ourense) converterase en canteira de baterías militares.
Senegal
Senegal Una ‘Escuela de rehenes’ o cómo Francia usó la educación en África para transformar las mentes
La administración colonial francesa puso en marcha en 1855 un centro educativo que tenía el objetivo de formar a los hijos de los reyes locales mediante el borrado de su cultura.
Estados Unidos
Estados Unidos La buena sintonía entre Trump y Meloni
Como era de esperar, los mandatarios mostraron afinidades políticas e ideológicas. La italiana insistió en la idea de “fortalecer Occidente”.
Camboya
Camboya 50 años del inicio del genocidio en Camboya
El régimen de Pol Pot acabó con la vida de más de dos millones de personas. Solo tres integrantes de los Jemeres Rojos han sido condenados por crímenes contra la humanidad.

Últimas

Series
Series Masculinidad hegemónica o plomo: la sátira contra los hombres en ‘The White Lotus’
La serie culmina de forma trágica, llevando al extremo la lógica neoliberal, y se cuestiona si es posible una transformación que no termine cooptada por el propio patriarcado.
Grecia
Grecia Frontex pone de nuevo la mirada en Grecia
En enero de 2025 el Tribunal Europeo de Derechos Humanos acusó a las autoridades griegas de llevar a cabo devoluciones forzadas de manera sistemática.
Valencià
València Duelo colectivo y brecha de género, las consecuencias de la dana en la salud mental
Más allá de lo material, el sufrimiento mental continúa golpeando las vidas de l´Horta Sud. Mujeres cuidadoras y colectivos vulnerables encabezan un luto que todavía no ha encontrado descanso.
Más noticias
Almería
Artes escénicas Almería reclama su (dancístico) lugar
A menudo relegada al olvido en los mapas culturales, esta provincia oriental sigue siendo una gran desconocida, a pesar de su riqueza histórica, su diversidad paisajística y su potencia creativa.
Palestina
Genocidio Israel sigue atacando hospitales, la ONU habla del peor momento en los 18 meses de asedio
No hay tregua en Gaza, donde Israel ha recrudecido las matanzas y sigue sin permitir el acceso de alimentos y productos de primera necesidad. La ONU denuncia asimismo el asesinato de más de 70 civiles en Líbano.
Crisis climática
Balance climático El Mediterráneo se consolida como zona especialmente vulnerable al cambio climático
Las víctimas de la dana suponen dos tercios de las muertes por fenómenos extremos en Europa en 2024, según un informe conjunto de Copernicus y la Organización Meteorológica Mundial que hace un balance climático del continente el pasado año.
Opinión
Opinión La coherencia de las políticas de Trump
No se pueden entender los aranceles de Trump sin su lucha por el control de los recursos minerales, sin Groenlandia, Ucrania o la República Democrática de Congo.

Recomendadas

Comunidad de Madrid
Memoria histórica Contra la basura y el olvido: tras la pista de los cuerpos y de la memoria de los brigadistas internacionales
El Salto acompaña a un contingente internacional de políticos, políticas y activistas en una ruta en memoria de los brigadistas internacionales que acudieron a luchar a España contra el fascismo, en un ejercicio inspirador para el presente.
Poesía
Culturas Joan Brossa, el mago que jugó con la poesía para reinventar el poder de la palabra
Casi inabarcable, la producción creativa de Joan Brossa se expandió a lo largo —durante medio siglo XX— y a lo ancho —de sonetos a piezas teatrales, pasando por carteles o poemas objeto— para tender puentes entre el arte, la política y el humor.
República del Sudán
Sudán Cara a. Un Sudán en guerra
Se cumplen dos años de una guerra que ya deja más de 13 millones de personas desplazadas y más de ocho millones de sudaneses al borde de la inanición.